O problema mais comum e esperado em um animal que perdeu o movimento das patinhas traseiras, seja por qual for o motivo, é a infecção urinária de repetição. Nos deparamos com a infecção urinária do Marrom logo que chegou do abrigo, quando notamos muito sangue na urina. Na hora nos desesperamos e levamos ao veterinário. Seguimos o protocolo e iniciamos antibiótico.
Ao fim do ciclo de antibiótico, a urina estava melhor e vinha à nossa mente “Ufa! Agora vai ficar tudo bem”. E em poucos dias ou semanas, lá estava ela de novo, a famigerada infecção urinária. Depois de realizado o exame de cultura+antibiograma, iniciávamos outro antibiótico. Vinha à mente “agora vai”. Mas não ia, pois em algumas semanas, lá estava ela de novo.
Passamos por vários veterinários e todos acabavam dizendo o mesmo: para seguir o protocolo dos antibióticos, partindo da cultura+antibiograma para saber a quais antibióticos a bactéria era sensível. E assim continuamos na batalha para matar as bactérias multirresistentes. A cada exame saíam bactérias cada vez mais resistentes e com sensibilidade apenas para antibióticos nefrotóxicos (antibióticos que são tóxicos para os rins e que prejudicariam mais ainda sua função renal).
Seguimos até um ponto que parecia que não tinha mais saída. O momento em que tudo mudou foi quando fizemos uma cultura em que a bactéria apresentou resistência para absolutamente tudo (menos um antibiótico nefrotóxico):
Imagem: exame de cultura + antibiograma do Marrom (Data: 04/08/2018).
Neste momento, entramos em desespero. Buscamos na internet e começamos a procurar pessoas que tem animais cadeirantes que pudessem nos dar uma luz. Foi aí que encontramos o site Meu Pet Especial e uma outra colega que nos ajudou a compreender as infecções urinárias recorrentes em animais especiais.
A partir daí, passamos a buscar tratamentos alternativos. Infelizmente chegamos no limite para realmente descobrir que a luta contra as bactérias era uma luta sem fim. Nenhum veterinário soube olhar o Marrom como um animal que NÃO É protocolo. Animal especial é diferente, não dá para ser tratado como um animal “normal”, que consegue urinar sozinho, que não se arrasta, etc. Todos os veterinários até aquele momento o trataram como protocolo e, por isso, foi uma guerra eterna contra as bactérias. Se algum veterinário tivesse nos orientado sobre o uso prolongado de antibióticos e os prejuízos disso no organismo, não teríamos chegado neste limite. E por isso que decidimos criar a parte informativa no projeto,
para que mais ninguém passe pela desinformação que passamos.
Você deve estar se perguntando: mas por quê os antibióticos não funcionavam?
Tem vários motivos. O primeiro deles é que o antibiótico tem um efeito de “matar” as bactérias do corpo, o que acaba aniquilando tanto as bactérias ruins (que é o objetivo) quanto as bactérias boas do corpo. Mas são justamente essas bactérias boas que regulam o intestino e protegem o organismo contra ameaças. O próprio nome diz: anti (contra)- biótico (bioma). O bioma intestinal faz o controle biológico do organismo e o protege contra o acesso de agentes patogênicos no corpo, inclusive as bactérias ruins.
Mas isso significa que quando eu uso um antibiótico meu organismo fica mais suscetível a ter outra infecção? SIM! E é este o grande problema do uso prolongado de antibióticos. E o uso prolongado de antibióticos pode gerar uma disbiose.
Outro fator importante é que muitos animais paralíticos precisam de auxílio para urinarem, pois sem o esvaziamento da bexiga acabam apenas tendo os escapes durante o dia. Isso significa que a bexiga deles é como se fosse uma descarga mal regulada, ou seja, por mais que seja dada a descarga (seja feito o esvaziamento), sempre fica um resíduo. É justamente esta urina residual que acaba sendo um ambiente favorável para o desenvolvimento de uma colônia de bactérias. Portanto, quando encerrava-se um ciclo de antibióticos e achávamos que estávamos livres das infecções, outra infecção vinha dias depois, já que o corpo do
Marrom estava mais suscetível a ter novas infecções e por não conseguir fazer o esvaziamento completa da bexiga sozinho.
Ao chegarmos no ponto da resistência para todos os antibióticos, conforme foto acima, fomos em busca do tratamento integrativo, de maneira que pudesse restabelecer a flora intestinal, que havia sido completamente prejudicada pelos antibióticos, e estimular sua imunidade para protegê-lo da piora no quadro. Iniciamos a alimentação natural, uso de probióticos, suplementos, homeopatias, etc. Mas como o tratamento integrativo não se trata de algo imediato, a infecção foi piorando conforme evidenciado em um exame de ultrassom. Foi aí que encontramos a ozônioterapia.
A ozônioterapia salvou a vida do Marrom. Iniciamos as sessões 2 vezes por semana, para tentar controlar o aumento da colônia de bactérias. No primeiro mês de ozônioterapia, os resultados já foram excelentes. Ao repetirmos o ultrassom no final do primeiro mês, já não havia linfonodomegalia, teve diminuição da pelve renal, diminuiu espessura da bexiga, além de ter desaparecido o sangue da urina e melhora no odor.
Antes de iniciar a ozônioterapia, eu não imaginava que seria tão efetivo quanto foi. E desde então não largamos mais a ozônio. Marrom não toma antibióticos há dois anos, continua com infecções urinárias. Mas atualmente controlamos com a ozônioterapia e damos qualidade de vida a ele. Nós já sabemos que lutar contra as bactérias, tentando eliminá-las, é um caminho sem fim no caso dos cãodeirantes.
IMPORTANTE: Este é um relato que leva em consideração a história do Marrom. Antes de tomar qualquer atitude em relação ao seu animal, consulte um veterinário de confiança (e de preferência que entenda sobre animal paralítico).
Boa tarde. Sou mãe de uma cadela cadeirante desde 2018. Sofreu um acidente, operou e ficou paralisada das pernas traseiras. Sou de Aparecida de Goiânia- Goiás. Ela usa fralda e vem sofrendo com infecção urinária. Já retirou, há um ano atrás, pedra na bexiga. Há um mês teve cistite e agora está urinando com sangue. Terá que fazer, novamente, ultrassom. É operada, ñ cria mais. Sei que tudo leva a ter várias infecções recorrentes, mas está ficando muito caro o tratamento. Vocês podem me ajudar, com informações, onde consigo fazer tratamento mais em conta? Está ficando difícil, dispendioso cuidar dela. E também são muitos remédios, antibióticos. Isso me preocupa muito. Estou lendo sobre a ozonioterapia. Preciso de mais informações